Aos poucos vou abrindo os
olhos, tentando me acostumar com a claridade, mas que claridade? Está tudo
muito escuro! Tateio a minha cama, procurando minhas cobertas, mas não estou sobre
os lençóis de minha cama, nem sinto as minhas cobertas. Estou acordando ou
sonhando?
Minhas mãos tocam algo onde
eu estou deitado. Mas o que é isso? Não consigo decifrar, sentir sobre o que
estou deitado. Levanto bem devagar procurando o chão para por os meus pés e
levantar de vez, mas o chão está no mesmo nível de onde eu estava deitado, e é
duro. Viro de lado, me apoio nos braços estendidos, com as mãos espalmadas
nesse piso, chão, pedra argila, lama? De repente me deu um estalo e pensei:
Umbral!? Então desencarnei!? Estranho, pois me sentia bem vivo.
Levantei, finalmente e
comecei a me acostumar com a falta de claridade, e fui vendo a paisagem.
Parecia um bosque, mas tudo estava meio sem vida, sem cor, as arvores
retorcidas, com os galhos sustentando poucas folhas murchas. O chão era um
lamaçal quase seco, sem relvas, sem vida, sem flores, mal cheiroso, triste.
O que estou fazendo nesse
lugar lúgubre? Como eu posso estar aqui, se sou um missionário da luz? Será que
fui tão desleixado em minha missão? As perguntas não paravam em minha mente.
Comecei a andar para
conhecer melhor onde eu estava, tentando entender aquele lugar, que pelos meus
conhecimentos era muito similar ao umbral astral, mas não sentia qualquer medo,
algo me dava segurança. Andei para todos os lados, mas as paisagens não
mudavam, era tudo ressequido, sem vida, sem cor, sem energia. Os poucos animais
que vi também eram tristes, sem energia até para fugir da minha presença. Eram
lebres, esquilos, corujas, etc., mas apáticos, aparentemente sem vontade de
viver! Seus pelos e penas eram sem cor, sem brilho, triste de se ver.
Mas o que eu vim fazer
aqui? Não sinto que “morri”, e assim fui tentando imaginar porque estaria nesse
lugar. Em meio aos meus pensamentos, no meio dessa floresta “morta”, comecei a
ouvir um som, longe, mas um som. Prestei atenção e notei que vinha de um ponto,
e nesse lugar distante, lá no horizonte, estava meio iluminado, uma luzinha
muito fraca, mas era uma luz, como se diz no ditado, uma luz no fim do túnel,
só que era no fim daquela floresta “morta”.
Pensei, então, de caminhar
até lá, mas o chão era escorregadio, uma lama meio seca, meio molhada, muito
ruim de andar, mas pensei que se já tinha percorrido as redondezas sem cair,
valeria o esforço de ir em direção àquele som, àquela luz.
Mas algo me prendia onde eu
estava e, então, notei que o som ficava mais audível e era uma música, uma
flauta tocava uma música, uma música celta. E a luz aumentava a cada instante,
como se aquilo tudo estivesse vindo em minha direção. Então resolvi ficar onde
estava e me senti calmo, sereno pela decisão tomada.
Após um longo tempo comecei
a ver melhor quem tocava a flauta. Era uma Elfa! E ao seu redor vinha uma
claridade, uma luz que não consegui ver a origem. Era uma luz, um clarão
divino. Cada vez a Elfa se aproximava mais e comecei a notar que além da
música, da luz, tudo por onde ele passava criava vida novamente.
Aos poucos a Elfa foi se
aproximando, sempre tocando uma música celta, e pude notar que a sua volta
vinham diversos seres elementais, os duendes de vários tipos e tamanhos, gnomos
variados, salamandras, fadas, unicórnios, querubins, serafins, silfos, ondinas,
ninfas, todos sorridentes, felizes, dançando ao som da flauta tocada pela Elfa,
que também estava acompanhada de outros elfos e elfas. As suas voltas a vida
estava sendo reativada, com as árvores criando novas folhas, flores nasciam em
seus ramos e brotavam do chão que se enchia de relvas verdes de vários tons.
Pequenas bolas de luz reluziam por todo o bosque, que agora parecia um bosque
encantado, de tanta beleza. Onde havia uma lama ressequida, começou a correr um
lindo rio, onde boiavam flores sobre plantas aquáticas de várias espécies, e
nadavam peixes que brilhavam com as luzes que envolviam o bosque. Passarinhos
voavam até as fadas e pousavam em suas pequeninas mãos. Era um novo paraíso que
renascia como uma fênix da natureza.
Ao chegar perto de onde eu
estava, a elfa parou de tocar e se inclinou numa reverencia, dizendo: - obrigada
por atender o nosso chamado, Mestre. Precisávamos de sua luz, de sua força para
se juntar a nossa e podermos juntos recuperar o bosque nesse canto do planeta.
Fiquei estupefato! Como eu
podia estar nesse local sem saber que tinha sido chamado, e por seres
elementais?
Animais começaram a
aparecer e me rodear como que agradecendo a minha presença. Todos estavam com
pelagens e plumagens novamente lindas. O bosque tinha recuperado a vida! Reparei
que de mim saiam raios brancos e dourados em todas as direções. Como eu não
havia reparado antes?
Lembrei-me de um trabalho
que fiz com o grupo de meditação, recuperando uma mata, retirando todas as
energias negativas e emitindo muita luz e amor. No final dos trabalhos, uma
médium viu irmãos indígenas, do outro lado do véu, que vieram nos agradecer
pelo trabalho de recuperação que fizemos, pois lá tinha sido um local em que a
tribo deles tinha vivido durante séculos, e as trevas haviam invadido. Depois o
dono da casa disse que reparou que os pássaros haviam sumido da mata. Esse
trabalho foi o único que fizemos em Colombo, colado em Curitiba. Esse nós
fizemos em vigília mesmo, num sábado a tarde, e nunca mais voltamos à casa que
era colada a essa mata. Fomos lá por chamado dos índios, chamado que só ficamos
sabendo ao chegarmos na casa.
No meio da festa no bosque,
ao som da flauta que a elfa voltou a tocar, estava eu dançando com aqueles
amados elementais, irmãos de outra dimensão, quando acordei, dessa vez em minha
cama. Imediatamente levantei e coloquei uma música celta para perpetuar aquele
momento lindo.
E assim vamos trabalhando,
acordados e nem tão acordados assim, mas sempre despertos, sabendo ou não dos
chamados, e sempre na hora certa, conforme a necessidade. Como diz um ditado conhecido
pelos discípulos e mestres da luz: nada é por acaso.
Sempre a serviço da luz
Bill Shalders
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