QUEM SOMOS

QUEM SOMOS

Não é só pela razão
Que saberemos quem somos
E sim pelo coração
Onde está a luz da razão

Vasculhemos no coração
A luz da criação
Descobriremos que somos centelhas
Centelhas da criação

domingo, 31 de maio de 2020

OS PIONEIROS DO AMOR


Setembro de 1938

- Minha querida família, eu os reuni agora para lhes dizer sobre a decisão que eu e sua mãe tomamos e que vai mudar nossas vidas radicalmente. Todos sabem que a Polônia está prestes a ser invadida pela Alemanha, e eles tomarão tudo o que nos pertence, nossas terras e nossas casas, e até as nossas vidas.

- Sim pai, estamos sabendo e estamos com medo de que tudo isso se torne a nossa realidade em curto prazo. O que vamos fazer? O que vocês decidiram?

- Vamos ter que ir embora de nossa amada pátria. Não há outra solução.

- Vamos deixar a nossa terra a nossa casa? Vamos para onde? Para a Hungria, para a Tchecoslováquia, Bielorrússia, Lituânia?

- Não vamos para qualquer país europeu, pois é bem possível que tenhamos uma guerra que se alastrará por toda a Europa. A Alemanha está se armando, contrariando o estabelecido após a guerra mundial, no tratado de Versalhes. E esse armamento só tem por finalidade retomar a intenção daquela guerra.

- Sair da Europa! Vamos para onde, então? Para os Estados Unidos?

- Não, eu consegui visto para migrarmos para o Brasil.

- Brasil! Aquela terra quente! Bem diferente daqui!

- Queridos, foi o que consegui. O Brasil é um país novo, progredindo e cheio de terras onde poderemos recomeçar as nossas vidas. Além do que já existem muitos poloneses no Brasil, e iremos para uma cidade num estado que se chama Espírito Santo. Lá iremos para a colônia Santo Antônio dos Polacos, e veremos o que conseguiremos.

- Vamos poder escolher onde morar?

- Não. Não temos como comprar. Toda a nossa fortuna esta em nossas terras e nossa casa, e ninguém vai compra-las pelos mesmos motivos que a estamos deixando. O dinheiro que nós temos foi o suficiente para comprarmos as passagens até o porto de Danzigue (atual Gdansk) e pegar um navio para o Brasil.

- Vamos poder levar os nossos pertences, os nossos “tesouros”?

- Vamos somente com mudas de roupas, pois o navio está cheio de compatriotas que estão fazendo o mesmo, e não há espaço para outras coisas além dos passageiros e suas malas de roupas. Deixaremos tudo aqui, mas tudo de valor que pudermos esconder, iremos esconder.

- Esconder! Os alemães irão descobrir, ou incendiar, e perderemos tudo.

- Vamos levar o que pudermos para o campo, perto das grutas que só nós conhecemos. Escavaremos e enterramos tudo protegido em caixas. Se algum dia um de nós, que seja, queira voltar, saberá onde estarão os nossos “tesouros”.

(em 01/09/1939 a Alemanha invade a Polônia, em sua parte oeste, e em 17/09/1939 a Rússia invade a parte leste da Polônia)

Dezembro de 1938

Já estabelecida na colônia polaca, a família recebeu uma gleba de terras virgens de mata Atlântica perto do rio 5 de novembro, ferramentas e alguns suprimentos, além de sementes para iniciarem a sua nova vida.

Não havia casa, abrigo e nem clareiras onde pudessem se abrigar. Tiveram que conhecer o local para estudar onde construir, inicialmente um abrigo.

No primeiro dia construíram um abrigo bem rústico para poderem passar a noite. Esse abrigo foi sendo melhorado e reforçado até que pudessem construir uma cabana. Para construírem a cabana tiveram que abrir uma clareira, derrubando arvores, que serviriam para a construção da cabana. Durante essa empreitada vários acidentes aconteceram, tendo inclusive uma árvore atingido um dos filhos ao cair. Levaram dois dias para carrega-lo até a cidade mais próxima para um hospital local. Esse filho ficou aleijado, pois não conseguiu se recuperar totalmente da perna quebrada, e a demora no atendimento, pois a gleba de terra ficava longe da cidade, e eles não tinham como se deslocarem rapidamente com o rapaz devido a perna quebrada, foi um dos motivos para não se recuperar devidamente.

E assim, durante anos a batalha para se estabelecerem devidamente, numa boa cabana, depois transformada em casa, abrirem campos para a lavoura, eles conseguiram se estabelecer num novo mundo, em paz, enquanto o velho mundo, a Europa, era arrasado pela guerra. Muitas pessoas, por escolherem ficarem no velho mundo, agarradas aos seus confortos e modos de vidas consolidados, sofreram muito durante anos, e muitos morreram.

Às vezes, conforme as circunstâncias, temos que sair de nosso conforto e seguir um novo fluxo que nos trás a vida.

Essa pequena história foi baseada numa narração sobre a saga real de uma família polonesa que conheci. Foi contada para mim pela filha mais nova, Sofia, que quando a família emigrou para o Brasil tinha 7 anos. Eu a conheci quando ela já estava com 80 anos, através de sua filha. Eu adorava e incentivava a Dona Sofia a contar as suas histórias dessa sua vida, repleta de aventuras, emoções, sofrimentos, arrojamentos. Só como adendo, ela ao ter maioridade resolveu cuidar de sua vida, e acabou procurando um marido ao escrever para uma seção de novos relacionamentos de uma revista feminina. ELA ME MOSTROU RECORTES DOS ANÚNCIOS DELA! E teve a “sorte” (nada é por acaso) de encontrar um militar, que respondeu ao seu anuncio, se apaixonaram, casaram e tiveram uma filha, que hoje é uma grande amiga.

E porque eu escrevi essa história?

Queridas almas, assim como esses pioneiros que vieram para o Brasil, abandonando os seus “confortos”, não só por causa das guerras, pois as migrações ocorrem desde a “descoberta” do Brasil, e a migração polonesa, desde 1869, estamos vivendo um momento onde se destacam novos Pioneiros, e desta vez são os PIONEIROS DO AMOR, que vieram para este planeta construir a nova Terra!

Como puderam entender, os pioneiros poloneses, ou de muitas outras nacionalidades, tiveram que sair se suas terras natais, virem para uma nova terra, e batalharem para construir seus novos lares, suas novas vidas, quase do zero.

Nós também, viemos de outras “Terras”, outros planetas, para construirmos uma NOVA TERRA! E também viemos sem os nossos “tesouros”, que seriam as nossas lembranças de um mundo onde éramos puro amor. Temos somente a ferramenta do amor e é com ele que estamos levando essa empreitada para frente.

Teremos percalços, acidentes telúricos, muito trabalho, mas conseguiremos, pois fomos escolhidos a dedo, ao nos voluntariarmos. Éramos muitos voluntários, mas os escolhidos foram os melhores dos melhores.

Estamos na fase de abrir as clareiras, derrubando não arvores, mas antigas formas de vida, abrindo as clareiras dos corações, para construirmos novos pensamentos, novas formas de vida, sem competições, mostrando que o altruísmo e a compaixão são as formas de se viver num paraíso.

Mãos a obra colegas estelares. O nosso trabalho é servimos de exemplo, nada mais do que isso, e somente quando formos solicitados, ofereceremos o nosso conhecimento, a nossa ajuda para o entendimento desses irmãos, que um dia irão querer saber que momento é esse que estão vivendo.

E assim é.
Bill Shalders
Um Mensageiro da Luz

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