Setembro de 1938
- Minha querida família, eu os reuni
agora para lhes dizer sobre a decisão que eu e sua mãe tomamos e que vai mudar
nossas vidas radicalmente. Todos sabem que a Polônia está prestes a ser
invadida pela Alemanha, e eles tomarão tudo o que nos pertence, nossas terras e
nossas casas, e até as nossas vidas.
- Sim pai, estamos sabendo e
estamos com medo de que tudo isso se torne a nossa realidade em curto prazo. O
que vamos fazer? O que vocês decidiram?
- Vamos ter que ir embora de
nossa amada pátria. Não há outra solução.
- Vamos deixar a nossa terra a
nossa casa? Vamos para onde? Para a Hungria, para a Tchecoslováquia, Bielorrússia,
Lituânia?
- Não vamos para qualquer país
europeu, pois é bem possível que tenhamos uma guerra que se alastrará por toda
a Europa. A Alemanha está se armando, contrariando o estabelecido após a guerra
mundial, no tratado de Versalhes. E esse armamento só tem por finalidade retomar
a intenção daquela guerra.
- Sair da Europa! Vamos para
onde, então? Para os Estados Unidos?
- Não, eu consegui visto para
migrarmos para o Brasil.
- Brasil! Aquela terra quente!
Bem diferente daqui!
- Queridos, foi o que consegui. O
Brasil é um país novo, progredindo e cheio de terras onde poderemos recomeçar as nossas vidas. Além do que já existem muitos poloneses no Brasil, e iremos para
uma cidade num estado que se chama Espírito Santo. Lá iremos para a colônia
Santo Antônio dos Polacos, e veremos o que conseguiremos.
- Vamos poder escolher onde
morar?
- Não. Não temos como comprar. Toda
a nossa fortuna esta em nossas terras e nossa casa, e ninguém vai compra-las pelos
mesmos motivos que a estamos deixando. O dinheiro que nós temos foi o
suficiente para comprarmos as passagens até o porto de Danzigue (atual Gdansk)
e pegar um navio para o Brasil.
- Vamos poder levar os nossos
pertences, os nossos “tesouros”?
- Vamos somente com mudas de
roupas, pois o navio está cheio de compatriotas que estão fazendo o mesmo, e
não há espaço para outras coisas além dos passageiros e suas malas de roupas.
Deixaremos tudo aqui, mas tudo de valor que pudermos esconder, iremos esconder.
- Esconder! Os alemães irão
descobrir, ou incendiar, e perderemos tudo.
- Vamos levar o que pudermos para
o campo, perto das grutas que só nós conhecemos. Escavaremos e enterramos tudo
protegido em caixas. Se algum dia um de nós, que seja, queira voltar, saberá
onde estarão os nossos “tesouros”.
(em 01/09/1939 a Alemanha invade
a Polônia, em sua parte oeste, e em 17/09/1939 a Rússia invade a parte leste da
Polônia)
Dezembro de 1938
Já estabelecida na colônia
polaca, a família recebeu uma gleba de terras virgens de mata Atlântica perto
do rio 5 de novembro, ferramentas e alguns suprimentos, além de sementes para
iniciarem a sua nova vida.
Não havia casa, abrigo e nem
clareiras onde pudessem se abrigar. Tiveram que conhecer o local para estudar
onde construir, inicialmente um abrigo.
No primeiro dia construíram um
abrigo bem rústico para poderem passar a noite. Esse abrigo foi sendo melhorado
e reforçado até que pudessem construir uma cabana. Para construírem a cabana
tiveram que abrir uma clareira, derrubando arvores, que serviriam para a
construção da cabana. Durante essa empreitada vários acidentes aconteceram,
tendo inclusive uma árvore atingido um dos filhos ao cair. Levaram dois dias
para carrega-lo até a cidade mais próxima para um hospital local. Esse filho
ficou aleijado, pois não conseguiu se recuperar totalmente da perna quebrada, e
a demora no atendimento, pois a gleba de terra ficava longe da cidade, e eles
não tinham como se deslocarem rapidamente com o rapaz devido a perna quebrada,
foi um dos motivos para não se recuperar devidamente.
E assim, durante anos a batalha
para se estabelecerem devidamente, numa boa cabana, depois transformada em casa,
abrirem campos para a lavoura, eles conseguiram se estabelecer num novo mundo,
em paz, enquanto o velho mundo, a Europa, era arrasado pela guerra. Muitas
pessoas, por escolherem ficarem no velho mundo, agarradas aos seus confortos e modos
de vidas consolidados, sofreram muito durante anos, e muitos morreram.
Às vezes, conforme as circunstâncias,
temos que sair de nosso conforto e seguir um novo fluxo que nos trás a vida.
Essa pequena história foi baseada
numa narração sobre a saga real de uma família polonesa que conheci. Foi
contada para mim pela filha mais nova, Sofia, que quando a família emigrou para
o Brasil tinha 7 anos. Eu a conheci quando ela já estava com 80 anos, através
de sua filha. Eu adorava e incentivava a Dona Sofia a contar as suas histórias
dessa sua vida, repleta de aventuras, emoções, sofrimentos, arrojamentos. Só
como adendo, ela ao ter maioridade resolveu cuidar de sua vida, e acabou
procurando um marido ao escrever para uma seção de novos relacionamentos de uma
revista feminina. ELA ME MOSTROU RECORTES DOS ANÚNCIOS DELA! E teve a “sorte”
(nada é por acaso) de encontrar um militar, que respondeu ao seu anuncio, se apaixonaram,
casaram e tiveram uma filha, que hoje é uma grande amiga.
E porque eu escrevi essa
história?
Queridas almas, assim como esses
pioneiros que vieram para o Brasil, abandonando os seus “confortos”, não só por
causa das guerras, pois as migrações ocorrem desde a “descoberta” do Brasil, e
a migração polonesa, desde 1869, estamos vivendo um momento onde se destacam novos
Pioneiros, e desta vez são os PIONEIROS
DO AMOR, que vieram para este planeta construir a nova Terra!
Como puderam entender, os
pioneiros poloneses, ou de muitas outras nacionalidades, tiveram que sair se
suas terras natais, virem para uma nova terra, e batalharem para construir seus
novos lares, suas novas vidas, quase do zero.
Nós também, viemos de outras “Terras”,
outros planetas, para construirmos uma NOVA TERRA! E também viemos sem os
nossos “tesouros”, que seriam as nossas lembranças de um mundo onde éramos puro
amor. Temos somente a ferramenta do amor e é com ele que estamos levando essa
empreitada para frente.
Teremos percalços, acidentes
telúricos, muito trabalho, mas conseguiremos, pois fomos escolhidos a dedo, ao
nos voluntariarmos. Éramos muitos voluntários, mas os escolhidos foram os
melhores dos melhores.
Estamos na fase de abrir as
clareiras, derrubando não arvores, mas antigas formas de vida, abrindo as
clareiras dos corações, para construirmos novos pensamentos, novas formas de
vida, sem competições, mostrando que o altruísmo e a compaixão são as formas de
se viver num paraíso.
Mãos a obra colegas estelares. O
nosso trabalho é servimos de exemplo, nada mais do que isso, e somente quando
formos solicitados, ofereceremos o nosso conhecimento, a nossa ajuda para o
entendimento desses irmãos, que um dia irão querer saber que momento é esse que
estão vivendo.
E assim é.
Bill Shalders
Um Mensageiro da Luz
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